À procura de Moksha

JillWellington

No hinduismo, as palavras Moksha ( मोक्ष ) ou Mukti ( मुक्ति ), significam “libertar-se”. Por consequente, Mokshayoga está à procura da libertação através do yoga. Mas libertar-se em que sentido?

Esta pergunta não tem resposta específica. Para responder a ela, cada um precisa de compreender o que o reprime. Por incrível que pareça, existem muitas coisas que o nosso Ser carrega, e que, em certa medida, impede o nosso crescimento e evolução. Por um lado, temos as e emoções; o medo, de ficar sós e de enfrentar a vida; ser-se inseguro, connosco e com os outros; falta de autoconfiança; deixar que os problemas e as situações tomem conta de nós e não “possamos” detê-las. Por outro lado, só alcançamos libertação se deixar-mos o nosso passado para trás, para não interferir no presente nem no futuro. Só existe uma única coisa que temos à libertar, nós próprios.

Em certa medida, acredito que todos nós vivemos numa “prisão”, criada por nós próprios, pelo nosso medo ou pelo nosso conforto. E isto, leva-nos a ter hábitos predeterminados criando um mundo limitado por barreiras, à nossa volta, sentindo-nos seguros nessas barreiras. Com esta segurança, paramos de crescer como ser humanos porque, não permitimos nada de novo e nada desconhecido entrar na nossa vida. Através duma mente aberta, sujeita a aceitar novas ideias, e através do autoconhecimento, alcançamos libertação. Para alcançar esta liberdade total, requer um equilíbrio interno e externo.

Através da meditação, o trabalho interno, alcança-se autoconhecimento, determinação e dedicação. O trabalho externo é muito mais do que āsanas (posturas). A libertação não se alcança de hoje para amanhã: não é através de forçar o nosso Ser a meditar, nem da exaustão física nem mental. Porque o que irá acontecer é o oposto à libertação, e a mente estará em todo lado e em lado nenhum. Intenção e prática são dois conceitos que não podem ser separados. Se uma prática não tiver intenção o que estará por cima do tapete de yoga, será um simples corpo com movimentos aleatórios sem sentir, sem ouvir. A dedicação ao yoga traz consigo uma oportunidade em dar ouvidos ao nosso corpo e alma. É tirar tempo e espaço para nós, onde projetamos e depois construímos o nosso bem estar. Este novo conceito de vida permite trilhar um novo caminho, com confiança e convictos de quem somos e para onde vamos. Quando mente e corpo vão numa única direção, o yoga torna-se muito mais do que um mero “exercício”, abrange: concentração, foco, consciência e auto-observação, sabendo o que o teu corpo faz, sente e como reage. É a pura abstração de tudo o que é externo ao teu corpo.

Em Mokshayoga, faz parte o estudo das disciplinas Yama e as normas éticas Niyama propostas no yoga Sutra de Patanjali. Os Yamas são um conjunto de comportamentos necessários para conectarmo-nos com o nosso interior. Cria uma base que torna a vida mais confortável à medida que nos conhecemos melhor e assim desenvolver a nossa pessoa. Os Niyamas são as condutas que nos ajudam a evoluir no relacionamento do nosso interior com o exterior.

Na filosofia do yoga podemos aprofundar e ter o conhecimento de outros temas mais subtis, como por exemplo, como o nosso corpo estabelece uma relação com Universo através do número 108. Este número representa a perfeição do equilíbrio entre nós e o Universo. Está presente no nosso quotidiano: o nosso corpo apesar de estar constituído por 114 chakras, só 108 podem ser trabalhados. E no sistema solar, o diâmetro do Sol multiplicado por 108 equivale a distância entre o Sol e a Terra, e por sua vez, o diâmetro da Lua multiplicado por 108 equivale a distância entre Terra e Lua. O diâmetro do Sol é 108 vezes o diâmetro da Terra. Por isso, o nosso corpo é muito mais do que possamos imaginar, sempre nos surpreende!

Nada é seguro na vida, por isso não nos devemos concentrar na meta final, senão no percurso, porque a libertação, como a vida, é um percurso que deve ser desfrutado. A libertação não pode ser só compreendida pela mente, que tenta definir sempre tudo, analisando ideias e pensamentos. Tenta encontrar sempre uma definição exata da palavra, associando-a a uma experiência vivida. A mente associa esta memória antiga como uma verdade absoluta, neste caso, da libertação. A emoção encontra-se no coração, e só podemos experienciar a libertação na sua totalidade se trabalharmos junto com a mente e o coração.

Por isso, deixa o teu passado para trás, aceita o desconhecido, parte para uma nova experiência na tua vida, redescobre o teu próprio Ser, para alcançar novos patamares da consciência humana.

Une-te ainda hoje a nós. Serás bem vindo.

Elena Iglesias
Elena Iglesias
Professora de Yoga

My research interests include distributed robotics, mobile computing and programmable matter.